Por Mariana Soares
“Tapas literalmente significa calor. É o fogo do Yoga. Primeiro ele queima a impureza do corpo. Depois ele revela como o grande fogo, a luz ardente do supremo Ser”.
O corpo é o templo da alma. Esta expressão já bastante conhecida faz reverência a este auspicioso veículo que temos em comum. É no corpo que sentimos o impacto de tudo o que nos acontece. As emoções, pensamentos, ações, e até mesmo energias mais sutis, são sentidas por ele. Será por isso que é tão difícil realizar a postura de maneira firme e confortável, como nos orienta o sutra de Patanjali “sthira sukham asanam”?
Relaxar numa postura é um grande desafio. Conquistar estabilidade, firmeza, e, ao mesmo tempo, permanecer tranqüilo, em equilíbrio, sem enrijecer. Será que alguém realmente consegue permanecer com o corpo, a mente e o coração equânimes num asana? Apesar deste objetivo desafiador, é fato que logo nas primeiras aulas já são sentidos os benefícios da prática de Hatha Yoga no organismo, como o aumento da vitalidade, da flexibilidade, da concentração, entre muitos outros. Portanto, quem é iniciante, siga confiante e persevere! Nada como trabalhar virtudes como paciência, tolerância, coragem, auto-observação e tapas, muita austeridade!
Respirar pelas narinas, atento à ativação de cada parte do corpo envolvida no asana e, ao mesmo tempo, relaxar têmporas, maxilares, base do crânio, conectando-se com o centro do corpo, já é um enorme passo na prática.
Ao direcionar a mente para a ativação das cadeias musculares, dá-se aos poucos a conquista da estabilidade e da firmeza, o corpo tem sua inteligência. Ao relaxar as outras partes do corpo, acontece a entrega, harmonia, e um estado de conforto. É como se meio ao cansaço da permanência numa postura como o Virabhadrasana I (Guerreiro I) conseguíssemos estar felizes, sorrindo internamente - santosha.
Aos poucos vai vindo a consciência dos ritmos internos, do que está acontecendo dentro. Isso aliado ao respirar profundo e lentamente, percebendo a pulsação e mantendo-a num ritmo tranqüilo. Com todos estes "acontecimentos" não há espaço para o fluxo de pensamentos levar sua “energia” embora (onde está a mente, é onde colocamos nossa energia). É pura presença!
Estar presente facilita estar em contato com a felicidade que já somos. E esse estado de contentamento (santosha) é quem alimenta a intenção de ir além do que já foi conquistado. Sem se violentar (ahimsa), mas saindo do “conforto” para crescer, buscando a autoperfeição. "Na yoga você nunca deve se permitir desmoronar, porque quando o faz, isso se torna uma tendência que se repete mais e mais vezes”. A resistência fortalece o praticante, auxiliando-o a superar os obstáculos no caminho.
Assim, seguimos adiante nos liberando de inseguranças, medos, rigidez - dos poderes limitadores do ego que geram ansiedade e sofrimento. Ao conquistarmos a disciplina que nos leva à purificação do corpo, da mente e do coração, a jornada do herói se torna algo consciente e consistente. Abrimos espaço para expressar o artista interior que brilha dentro de cada um de nós.
Hari OM!
Comentários
Postar um comentário
Om. Shanti, Shanti, Shanti.