"O diário espiritual é o seu mestre e guia. É o abrir de olhos". Swami Sivananda
O Hatha Yoga vai trabalhar através do corpo físico, do mais grosso ao mais sutil, conforme já foi bastante comentado neste blog, os koshas. Por isso, sempre estimulo meu alunos a registrarem em seu diário de prática como se sentem após a aula, quais foram os desafios para o corpo, como a mente se comportou, que sensações foram sentidas, os insights que surgem. Escrevendo sobre os passos que vão sendo dados, um portal é aberto para a auto-observação. E ao olhar pra trás é possível ver o quão longe sua prática o levou; avaliar quais suas dificuldades; onde você pode melhorar; em que se saiu melhor. É um exercício muito auspicioso. E pode fazê-lo em poucos minutos, no ônibus, na sala de espera, ao final da aula.
Ja vivi experiências bem interessantes que foram registradas e trabalhadas internamente. Para compartilhar uma bem concreta, que fala do corpo físico...Num tempo remoto, toda vez ao final da prática, no Savasana, eu sentia a perna esquerda repuxar, como num longo espasmo. Depois fui descobrir que era o trabalho que estava fazendo mais profndo em um membro que tinha sido bem sobrecarrego ao longo de minha adolescência atlética (sou ariana!). Acho que usei mais de cinco vezes gesso nesta perna. Fui percebendo que com os anos de prática, o tendão encurtado foi ganhando flexibilidade. Um grande passo foi dado. Muitos textos que escrevo aqui nascem após um relaxamento profundo ou meditação.
Para citar alguns exemplos, é muito comum o aluno, depois de um final de semana de alimentação desequilibrada, sentir mais desconforto em determinadas posturas, principalmente nas de flexão para frente, como o Paschimottanasana; ou necessidade de realizar uma torção para detox; dificuldade de permanecer numa postura invertida como o Shirshasana, depois de uma noite mal dormida; inquietação na hora do Savasana porque tem muitas coisas para resolver (o famoso "tenho quê"!).
O diário de prática pode ser uma alternativa para se conhecer melhor e uma forma de percepção consciente, ajudando a trabalhar padrões comportamentais, as expectativas que geram frustração e ansiedade, os medos e inseguranças que aprisionam, ou até mesmo um estímulo a ter hábitos mais saudáveis.
Escrever o que foi vivenciado é uma grande resolução. É entrar em contato com seu mundo interior, é abrir a escuta para a voz lá dentro, entrar em contato com o Ser. Portanto, ninguém mais precisa lê-lo. É algo bem particular, um espaço sgarado de trocas entre você e o seu Ser. Que deve ser reverenciado!
Sempre lembrando da importância da disciplina, da abertura ao conhecimento, pois, como nos ensina Patanali no Yoga Sutra (1.14)5, "A prática se estabelece fimemente quando foi cultivada por um longo tempo, ininterruptamente, e com uma intensa devoção".
Deixo aqui uma reflexão do Swami Sivananda:
"Ó homem! Tu és um peregrino aqui. Desperta, desperta. A vida é curta. O tempo é fugaz. Volte para sua casa original da bem-aventurança eterna".
Hari OM!
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Om. Shanti, Shanti, Shanti.